Vinte anos de prisão " será o suficiente?"

Condenado em Felgueiras o professor que ateou fogo à namorada em 2005
O Tribunal de Felgueiras condenou esta tarde a 20 anos de prisão, por homicídio qualificado, o professor que em Maio de 2005 regou e ateou fogo à namorada.

O Tribunal deu como provado que o arguido, um homem casado e com 30 anos, incendiou, em 2 de Maio de 2005, no monte de Santa Quitéria, em Felgueiras, a antiga companheira causando-lhe queimaduras graves que seriam a causa da morte, ocorrida, em Julho daquele ano, no Hospital de Coimbra. O Tribunal condenou, ainda, o arguido a pagar 115 mil euros de indemnização aos filhos da vítima. Os juízes basearam a decisão nas declarações prestadas pela vítima, à GNR e a familiares, momentos após o crime, quando se dirigiu, na sua própria viatura para o Hospital de Felgueiras. Defesa vai recorrer A decisão teve como provas vários indícios materiais recolhidos no local pela Polícia Judiciária. No final da leitura do acórdão, o advogado de defesa Pedro carvalho adiantou que o seu constituinte deverá recorrer para um Tribunal Superior, dado que - disse - o acórdão se baseou, quase exclusivamente, no depoimento da vítima, "sem quaisquer outras provas concretas sobre a sua autoria". O advogado de acusação, Ferreira de Cima, considerou que se fez justiça, dada a prova produzida em audiência. "Ficou demonstrado quem foi o autor do crime, quer através do depoimento da vítima quer pelas declarações que o arguido prestou aquando de um exame psiquiátrico", afirmou. O jurista sublinhou que, embora o alegado homicida não tenha prestado declarações em audiência, admitiu o crime aquando do inquérito policial, quando disse que "tinha sido um acidente, o derramamento de gasolina sobre a então companheira". Salientou que, posteriormente, o arguido foi submetido a um exame psiquiátrico, a seu pedido, no qual disse ter havido crime, mas escusando-se a dizer quem foi o seu autor "para proteger a família". "O acórdão está bem fundamentado e cumpre as regras do Código de Processo Penal", acentuou o advogado. A vítima, Isabel Vasconcelos, que tinha 41 anos, era viúva e residia em Amarante, veio a falecer, a 15 de Julho, nos Hospitais de Coimbra (HUC), ao fim de dois meses de internamento. Atingida em 60% do corpo, com queimaduras de 3.º grau, não resistiu aos graves ferimentos. O arguido, Luís Filipe Pereira, terá aceite mal o fim do relacionamento anteriormente decidido por Isabel. A PJ veio a detectar cerca de 1200 mensagens de amor, por SMS, de Luís para Isabel. O arguido dava aulas em Felgueiras, na escola básica de Sernande e a vítima era proprietária de um centro de psicologia no mesmo concelho. Tinham-se conhecido no âmbito das suas profissões e acabaram por manter uma relação amorosa. O Ministério Público acusou o arguido de ter atraído Isabel para um último encontro e de, antes disso, e premeditadamente - facto que, no entanto, se não provou - ter comprado, num posto de combustíveis da zona, um litro de gasolina. Na ocasião, e depois de Isabel ter reafirmado a decisão de acabar com a relação amorosa, regou-a com gasolina e incendiou-a com um isqueiro. Na fase inicial do inquérito, o arguido disse que era ele quem queria terminar a relação. Depois de consumado o crime, a vítima envolta em chamas, conseguiu tirar do corpo algumas peças de roupa, ficando quase nua, entrou no carro e conduziu-o até ao hospital local, onde recebeu os primeiros socorros. Dali, foi enviada para o Hospital de S. João, Porto, e reenviada para a Unidade de Queimados de Coimbra. À GNR, ainda no hospital de Felgueiras, Isabel assegurou que foi no momento que comunicou a separação que o namorado cometeu o crime. A vítima tinha três filhos - dois deles menores. Hoje, no final da leitura do acórdão, a família do professor condenado manifestou grande desgosto pelo seu teor. "Não foi ele", "Não foi ele!", gritaram alguns dos seus familiares mais próximos.

Retirado Sic OnLine

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