Eutanásia - Crime ou direito???

Wikipédia define a eutanásia da seguite forma:

"Eutanásia (do grego ευθανασία - ευ "bom", θάνατος "morte") é a prática pela qual se abrevia a vida de um enfermo incurável de maneira controlada e assistida por um especialista.
A eutanásia representa atualmente uma complicada questão de bioética e biodireito, pois enquanto o estado tem como princípio a proteção da vida dos seus cidadãos, existem aqueles que devido ao seu estado precário de saúde desejam dar um fim ao seu sofrimento antecipando a morte.
Independentemente da forma de Eutanásia praticada, seja ela legalizada ou não (no Brasil esta prática é ilegal), é considerada como um assunto controverso, existindo sempre prós e contras – teorias eventualmente mutáveis com o tempo e a evolução da sociedade, tendo sempre em conta o valor de uma vida humana. Sendo eutanásia um conceito muito vasto, distinguem-se aqui os vários tipos e valores intrinsecamente associados: eutanásia, distanásia, ortotanásia, a própria morte e a dignidade humana.
Antes de mais nada, é importante ressaltar que a eutanasia pode ser dividida em dois grupos: a "eutanásia ativa" e a "eutanásia passiva". Embora existam duas “classificações” possíveis, a Eutanásia em si consiste no ato de facultar a morte sem sofrimento, a um indivíduo cujo estado de doença é crônico e, portanto, incurável, normalmente associado a um imenso sofrimento físico psíquico.
A "eutanásia ativa" conta com o traçado de acções que têm por objectivo pôr término à vida, na medida em que é planeada e negociada entre o doente e o profissional que vai levar e a termo o ato.
A "eutanásia passiva" por sua vez, não provoca deliberadamente a morte, no entanto, com o passar do tempo, conjuntamente com a interrupção de todos e quaisquer cuidados médicos, farmacológicos ou outros, o doente acaba por falecer. São cessadas todas e quaisquer ações que tenham por fim prolongar a vida. Não há por isso um ato que provoque a morte (tal como na Eutanásia Ativa), mas também não há nenhum que a impeça (como na Distanásia).
É relevante distinguir eutanásia de "suicídio assistido", na medida em que na primeira é uma terceira pessoa que executa, e no segundo é o próprio doente que provoca a sua morte, ainda que para isso disponha da ajuda de terceiros.
Etimologicamente, distanásia é o oposto de eutanásia. A distanásia defende que devem ser utilizadas todas as possibilidades para prolongar a vida de um ser humano, ainda que a cura não seja uma possibilidade e o sofrimento se torne demasiadamente penoso."

A muito tempo que este tema se vai debatendo, pelas ruas, cafés, internet e outros locais. Esta semana enquanto estava a curtir a minha gripe vi uma reportagem de uma menina de 11 anos que se encontra em estado vegetal.
Não sei o que podem ficar a pensar de mim, mas eu assino a eutanásia a 100% e passo a explicar, Temos o direito a vida, temos o direito de escolher o que fazer da nossa vida e com a nossa vida. Já faz muito tempo que venho a dizer a minha familia que eu não tenho medo da morte, mas tenho muito medo de sofrer. Acho que existem muitas situações onde o direito a vida, não justifica o sofrimento das situações. Será que uma pessoa doente em estado terminal, a passar por um sofrimento incalculavel, decide que quer por termo a vida, não tem esse direito???
Será que se tivermos um familiar em estado vegetativo sem possibilidade de recuperação, não teremos o direito a Eutanásia??? Não sei mas todos nós tarde ou cedo vamos morrer, se vamos morrer de qualquer maneira, porque não tentar evitar o sofrimento???.

Eutanásia Sim, ou Não????

12 comentários:

maria inês disse...

vi o resumo dessa reportagem e senti que de facto é uma violênica! por outro lado conto-te uma experiência minha. Á pouco menos de um ano, vivi o estado terminal de um irmão, sei e tenho consciência de tudo o que se estava a passar, mas...

Rafeiro Perfumado disse...

Totalmente a favor, o ser humano tem de saber reconhecer quando o fim é a melhor solução. Fingir que se vive é bem pior que a morte, esta ao menos ainda é desconhecida, logo dá esperança!

Um abraço!

Teté disse...

A favor, SIM!

Já o caso da menina, é bem mais complicado:
1º É menor;
2º Está em estado vegetativo, logo sem discernimento;
3º Não são os médicos ou os pais que podem decidir por ela.

(Não vi o programa, mas o meu marido ficou tão impressionado, que me relatou a sucessão de factos)

Para um adulto, consciente, com uma doença irreversível/terminal, que o incapacite de viver a vida e assim o expresse por vontade própria, esse direito deveria ser-lhe concedido!

carvoeirita disse...

Não sei se este teu texto nasceu depois de teres visto a reportagem especial de ontem na SIC…mas eu depois de a ver fiquei com vontade de escrever algo muito similar a isto.
Em resposta a tua pergunta a resposta é sim, 100% sim, mil % sim…

Acho inadmissível alguem ter mais direito sobre nós, sobre o nosso corpo do que nós..
E considero muito interessante o Estado tutelar o cumprimento do juramento dos médicos de tutelar a vida, e tutelar a punição da morte medicamente assistida, mas o que considero ainda mais interessante e que depois de tanta tutela quando uma mãe, uma mãe enorme, maior que todos nós,se vê com uma filha, que já não é a dela, naquela situação, o Estado faz-lhe o favor de lhe dar 50€ por mês..fantástico não é?…ainda bem que temos um Estado que tutela e protege todos os cidadãos até ao dia em que de facto o cidadão precisa de ajuda e tutela.
Sou a favor da eutanásia quando a medicina já não tem mais respostas para o além de “tem que ter paciência”..” cada um tem que carregar a sua cruz”..neste momento, cada um de nós devia ter o direito de dizer que não quero viver assim, e já que não posso meter um frasco de comprimidos para dentro de mim e acabar…alguém que tenha a misericordia de o fazer.
2007 foi um ano de revelação para mim…uma pessoa de quem eu gostava muito ficou tetraplegico depois de uma operação a cabeça…e tinha dores de morte…passou um ano acamado..em completo sofrimento…se tomava morfina para acalmar as dores tinha ataques epiléticos…se não tomava..era o tormento..a furia..o desalento..e pedia-nos para acabarmos com a vida dele..se gostavamos dele para acabarmos com aquele sofrimento…
Ninguem conseguiu,claro, por amor, medo sei lá…
A morte veio há duas semanas fazer o que ninguem conseguia..dar paz aquele corpo fragilizado, coberto de feridas, esquelético…que já não era o meu amigo há muito tempo…

Se houvesse outro tipo de legislação, de acompanhamento médico tudo poderia ser diferente..e aplaudo-te a ti e a todos que suscitam esta questão,porque as coisas tem que ser ditas para veicular informação, para que as mentes mudem e a legislação, o estado legislador consiga alcançar lá no buraco onde se encontra a voz de todos nós que falamos..que falamos por nós e por todos aqueles que não conseguem falar..

Ana Luisa disse...

Este é realmente um assunto muito polémico, pois se por um lado ninguêm merece "viver"? em sofrimento e sem hipótese de recuperação por outro ninguêm tem o direito de fazer o "papel de Deus" e tirar o direito à vida. Pessoalmente sou 100%a favor da Eutanásia...por mais que nos custe "tirar a vida" a alguêm chegado é com toda a certeza melhor para essa pessoa e para nós (chamem-me egoista mas é assim que penso). Beijocas ás meninas.

Maísa disse...

Não acho que seja uma situação nada simples.
Quando se tem alguém num estado terminal, como eu já tive o meu pai,os sentimentos de amor por eles falam mais alto.
Confesso o meu egoismo, mas jamais aceitaria uma decisão assim e tudo faria para a contrariar.
BEIJINHO.

Stuckinha disse...

Sou a favor a 100%. É incalculável o tamanho de palavras como "Por favor, suplico-te, mas faz qualquer coisa para acabar com este meu sofrer". Vivi isso na pele, ainda muito nova e talvez por ser tão nova não desse o verdadeiro valor a essas palavras. Hoje, recordo-me muitas vezes delas e sinto-as com um peso diferente. Talvez seja eu que vejo a sitação com outros olhos, com outro pensar. Recentemente, tive novamente alguém próximo que de certeza perferia por termo à vida do que ficar assim, consciente de que ela lhe estava a passar mesmo por baixo dos olhos e ela nada podia fazer para a agarrar.
Sofria as dores que a doença lhe dava,
sofria por estar consciente,
sofria por nada poder fazer,
sofria por não haver cura nem esperança para a sua doença,
sofria por ver os outros sofrer,
sofria por não poder saltar e correr com os netos ainda crianças,
sofria po não saber para quando estaria o fim do seu sofrimento,
sofria por nada poder fazer.
Será que alguém merece sofrer assim? Chamem-me egoísta, mas acho que não é justo privarmos alguém de decidir se quer continuar a viver ou não, quando sabe que o seu mal não tem cura e principalmente quando está 100% consciente de que a sua vida não vai a mais lado algum, mesmo a ciência e a medicina estarem cada vez mais evoluidas, isso não chega. Deveria ser do direito de cada um.

Rita disse...

Eu sou completamente a favor. Acho que cada um deve ter o direito de escolher o que quer para si próprio. No caso da SIC em particular, se a menina está em estado vegetativo irreversível a mãe deveria ter o poder de decidir por ela, com o aval dos médicos. Não há ninguem que ame mais um filho do que a própria mãe e se é a mãe que o está a pedir...
Jokas

Clairvoyant disse...

É sempre dificil abordar este assunto. Cada caso é um caso, e ainda hoje penso naquilo que passou o meu avô antes de morrer. Era um homem orgulhoso, sem grande instrução, e cujo grande valor que teve durante toda a vida foi o trabalho que fez por amor a duas coisas: à terra que trabalhava com as mãos ao mesmo tempo que se dedicava a outro emprego, e ao amor que sentia pela familia.
Recordo-o com muita saudade, ao homem que me serviu e ainda serve de modelo. Espero ser sempre digno do legado que me deixou.
No final da sua vida sofreu muito. Desejava acabar com o sofrimento mas temia a morte. Foi duro vê-lo assim.
Fiz por ele o melhor que sabia. Amei-o e mostrei-lhe esse sentimento, ajudava-o sempre que precisava, e lutei para que ele não precisasse de me ajudar.
Não estive numa posição de ter de decidir se respeitava a vontade dele. No fundo sabia que ele tinha pavor de morrer. Mas se estivesse nessa posição seria penosa a tarefa. Só quem se encontra numa situação assim pode saber o que decidir. E dois casos nunca serão idênticos.
Deixei uma pequena homenagem a este grande homem, que pouca gente realmente conheceu.

Adeus Valentim: http://back-of-my-mind.blogspot.com/2005_10_01_archive.html

Espero que se um dia estiver na posição de ter de decidir sobre o direito de alguém querido terminar com um sofrimento que já não tem solução conhecida pela ciência, tenha a capacidade de escolher o caminho certo, seja ele qual for.

Safira disse...

Sou a favor da eutanásia, claro, sempre que a vontade do doente for manifesta. Agora, confrontada com o 'puxar da ficha' não se teria a coragem de deixar partir a pessoa. É que são questões diferentes; no caso da menina não é ela quem reclama o direito a morrer. E penso que qualquer pessoa se agarra sempre à esperança de que pode de repente acordar e melhorar, por mais improvável que isso seja. A prova disso é mesmo esta mãe que diz que queria ter a coragem de não pedir ajuda quando a filha entra em crise e deixá-la morrer. No entanto, continua a chamar o médico. Tambem deve haver uma incapacidade afectiva, uma mãe não mata um filho, certo? Quer dizer, uma mãe normal não o faz.

carvoeirita disse...

e tu Bruno...o que achas?

Bruno disse...

Ines : não posso dizer que sei o que é, mas acredita que faria tudo para separar os sentimentos da parte racional.

Rafeiro Perfumado : Sim, concordo ainda ninguem sabe como é o outro lado.

Teté : Pois é mas a menina pelos vistos nunca vai ter consciencia para poder decidir.

Carvoeirita : A muitos anos que sou a favor da eutanásia, sempre que vejo casos de sofrimento acho que se a pessoa optar tem o direito a escolha da vida ou outra coisa...

Russita : Eu sempre disse que não tenho medo de morrer, mas tenho muito medo de sofrer.

Ternura : Eu sei que deve ser dificil, mas devemos ser capazes de ser o mais possivel racionais.

Stuckinha : As nossas leis são uma m...

Rita : No caso da menina, ela não tem possibilidade de escolher e nunca o irá ter, por isso a mãe deve ter o direito de escolhar.

Clairvoyant : Por vezes o caminho a percorrer é muito dificil...

Safira : Os médicos tambem devem ter o direito a decidir as probalidades.

Carvoeirita : Acho que consegui mostrar a minha opinião...